Momento Político Nacional

Abstenção cresceu no 2º turno, foi a 19% e é preocupação do TSE
Carlos Fehlberg


Ministra também lamentou a hostilidade de que foi alvo o ministro Lewandowski.
"Eleições foram tranquilas e normais" Embora acentue que o segundo turno das eleições ocorreu em clima de "absoluta tranquilidade e normalidade", a presidente do TSE, ministra Carmen Lúcia, lamentou o episódio no qual o colega de Supremo Tribunal Federal, ministro Ricardo Lewandovski, revisor do julgamento do mensalão, foi hostilizado ao votar. Mas sua maior preocupação, no entanto, é com as abstenções de 19%, ante os 16% do primeiro turno.

Para ela a Justiça Eleitoral e especialistas deverão analisar meios mais "eficazes" de convidar o eleitor a votar. O número só é menor do que nas eleições de 1996, a primeira totalmente informatizada no Brasil, quando o índice chegou a 19,4%. O segundo turno começou a valer em 1992. O número de ontem também é maior do que no primeiro turno de 2012, quando 16,4% dos eleitores não foram votar. Em 2008, o índice de abstenção foi de 18% no segundo turno e de 14,5% na primeira fase do pleito.

Pleito
Houve segundo turno ontem em 17 capitais. Nelas, o PSDB, o PSB e o PT elegeram, cada um, três prefeitos. O PT ganhou em São Paulo, João Pessoa e Rio Branco. O PSDB em Manaus, Teresina e Belém. O PSB venceu em Cuiabá, Porto Velho e Fortaleza. O PDT elegeu dois prefeitos: Natal e Curitiba. E seis partidos elegeram um prefeito cada um: Vitória (PPS), Campo Grande (PP), Florianópolis (PSD), São Luís (PTC), Macapá (PSOL) e Salvador (DEM).

E Serra fala
José Serra espera que os eleitores continuem vigilantes e cobrem o cumprimento das promessas feitas por seu adversário, o prefeito eleito, Fernando Haddad. Ao falar no fim da apuração, Serra agradeceu o apoio de membros do partido e os votos que recebeu neste segundo turno. “Nossa campanha foi em favor de São Paulo, propositiva, com ideais novas, em defesa da ética na política”, disse ele, acrescentando que sua campanha foi “limpa”.

Ele não disse nada sobre seu futuro político ou suas intenções para as próximas eleições, mas admitiu que se sente “revigorado”. “Chego ao final da campanha com essa energia, com novas ideias e com muita disposição”, disse ele. Serra cumprimentou seu oponente pela vitória, disse ainda que as “urnas são soberanas” e que espera que Haddad mantenha “as conquistas dos últimos anos, tanto na prefeitura quanto no governo do Estado”.

Fruet, ACM e Virgilio
Três candidatos vitoriosos ontem viveram trajetórias difíceis e que se constituíram em autênticos desafios. O ex-deputado federal Gustavo Fruet (PDT) venceu a disputa pela Prefeitura de Curitiba e pode ter pavimentado o caminho para a candidatura da ministra Gleisi Hoffmann ao governo do Paraná em 2014. Ex-deputado federal, ele foi filiado ao PSDB até o ano passado. Atritos com o governador Beto Richa, porém, que o impediram de disputar a prefeitura pelo partido, fizeram com que ele deixasse o Partido. E acabou fazendo um acordo político com os ministros Gleisi Hoffmann e Paulo Bernardo. A sucessão governamental de 2014 entra nessa estratégia e a ministra é cogitada. O PT nunca governou o Estado nem a prefeitura.

Em Salvador o neto de Antônio Carlos Magalhães, ACM Neto, também enfrentou desafios tendo o Planalto apoiado seu oponente Nelson Pelegrino, do PT. Mas ACM levou a melhor. E outro caso semelhante foi o vivido por Artur Virgílio em Manaus, onde concorreu e venceu a senadora do PC do B, Vanessa Grazziotin que teve o apoio da presidente Dilma, que chegou a ir até lá.

Penas de condenados
O presidente do Supremo Tribunal Federal Carlos Ayres Britto, afirmou que as penas estipuladas para os 25 condenados no processo do mensalão poderão passar por um "ajuste". Observa ele que, ao final da fixação das punições de todos os condenados, haverá uma discussão entre os ministros para "harmonizar" as penas. Ele não esclareceu quais motivos podem levar ao recálculo da punição. "Estamos deixando para o fim um ajuste, isso é natural – e vocês não estranhem, não. Dosimetria de pena é assim mesmo. Vamos estabelecendo parâmetros e, no final, a gente faz as unificações", afirmou o presidente do Supremo.

Ayres Brito, presidente do STF: “haverá uma discussão entre os ministros para "harmonizar" as penas.”
Ayres Britto esclareceu que a proclamação da pena de Marcos Valério, o primeiro a passar pela dosimetria, será feita depois da manifestação do ministro Marco Aurélio Mello, que decidiu adiar a apresentação de seu voto.

O ministro informou que o processo do mensalão será retomado no dia 7 de novembro, para continuidade da fixação das penas dos condenados. O julgamento ficará suspenso nesta semana que vem em razão de uma viagem do relator da ação penal, Joaquim Barbosa.

Gurgel quer evitar fuga dos réus -Apreensão de passaportes
O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, pediu ao STF que determine a apreensão dos passaportes dos condenados no processo do mensalão. A medida tem como objetivo de evitar que os réus fujam do País para escapar da prisão. A posição de Gurgel é a de que os réus condenados sejam presos imediatamente após a proclamação do resultado do julgamento do mensalão. Mas admite que dificilmente o tribunal determinará as prisões imediatas: “A praxe da Corte é esgotar todos os recursos para, só então, expedir os mandados de prisão.” Para evitar possíveis fugas, no entanto, o procurador-geral pediu a apreensão de passaportes. Não há previsão de quando a decisão sobre a apreensão dos passaportes será tomada.

Nove ministros
O julgamento do processo do mensalão no STF não deve acabar antes da aposentadoria do atual presidente da corte, ministro Carlos Ayres Britto, no próximo dia 18 de novembro, data, em que ele completa 70 anos. Assim o STF poderá concluir o julgamento com nove dos 11 ministros, já que a vaga de Cezar Peluso, ainda não foi preenchida. O substituto, Teori Zavascki, ainda não teve a indicação votada pelo plenário do Senado.

Prorrogação da CPI
A CPI do Cachoeira deve decidir agora sobre a prorrogação dos trabalhos. E a reunião para discutir o assunto já está confirmada para esta semana.

Haddad fala em diminuir desigualdades, FHC em aliança PSDB/PSB.E agora mesmo começaram movimentos, após segundo turno que abre caminhos.

Haddad, prefeito de São Paulo Eleito prefeito de São Paulo para os próximos quatro anos, Fernando Haddad afirmou ontem à noite em seu discurso de vitória, que irá derrubar o "muro da vergonha que separa a cidade rica da cidade pobre". E observou sob aplausos que “"São Paulo não é uma ilha, não é uma cidade murada, precisa fazer parceria", referindo-se principalmente ao governo federal. "São Paulo tem que ser antes de tudo uma cidade-lar, um teto digno debaixo do qual toda família possa realizar seu sonho de ser feliz.

São Paulo é de todos os nascidos aqui, é de todos os que vieram para cá. São Paulo é de todo o Brasil", afirmou o novo prefeito, em seu primeiro pronunciamento. Segundo ele, o "objetivo central está plenamente delineado, discutido e aprovado pela maioria do povo de São Paulo. É diminuir a grande desigualdade existente na cidade de São Paulo. Somos ao mesmo tempo uma das mais ricas e das mais desiguais do planeta."

Fernando Haddad: “Objetivo central é diminuir a grande desigualdade existente na cidade de São Paulo. Somos ao mesmo tempo uma das mais ricas e das mais desiguais do planeta."

Também agradeceu aos paulistanos pela "vontade soberana" e disse ser "uma alegria imensa, uma enorme responsabilidade" ser prefeito da maior cidade do país. "Quero agradecer em primeiro lugar aos milhões de homens e mulheres que me confiaram o voto. Em seguida, minha família, minha mulher Ana Estela, minha filha Carolina, meu filho Frederico, que estiveram juntos nessa jornada." E depois agradeceu ao ex-presidente Lula, puxando o coro "Olê, olê, olê, olá, Lula, Lula". "Agradeço ao presidente Lula do fundo do coração pelo apoio, sem os quais seria impossível eu lograr qualquer êxito nas eleições." E estendeu o agradecimento à presidente Dilma Rousseff. "Agradeço também à presidenta Dilma pela presença vigorosa na campanha desde o primeiro turno, pelo conforto nos momentos mais difíceis do primeiro turno."

Aliados
O prefeito eleito elogiou ainda os partidos coligados, a vice, Nádia Campeão, e os apoios no segundo turno. "Quero agradecer aos apoiadores, que ampliaram nossa corrente no segundo turno, os quais dedico minha homenagem na figura do querido deputado Gabriel Chalita e do vice-presidente Michel Temer. Muito obrigado, Michel Temer. E quero fazer um agradecimento super especial ao meu partido, o Partido dos Trabalhadores."
E concluiu: "Quero agradecer por último, mas não menos importante, aos meus opositores, porque me obrigaram nessa campanha a extrair o melhor de mim para lutar limpo. Fui eleito por um sentimento de mudança e sei dá enorme responsabilidade de todos que são eleitos por essa força."

A vitória marca o retorno do PT à Prefeitura da capital paulista oito anos após Marta Suplicy deixar o comando da cidade. Desde então, seguiram-se as gestões de José Serra e Gilberto Kassab.

A trajetória
Fernando Haddad foi uma aposta do ex-presidente Lula que se fixou em São Paulo e desenvolveu um trabalho de articulação somando apoios. O adversário José Serra despontou no inicio como favorito, aceitando a candidatura quando o Partido ainda cogitava de uma prévia para lançar um nome. Vinha de um revés da disputa presidencial com Dilma Roussef, mas viu na prefeitura um novo ponto de partida, levando o Partido inclusive a inviabilizar planos iniciais. Serra já tinha sido prefeito e governador.

FHC quer profunda avaliação -Preocupação tucana
O próprio ex-presidente Fernando Henrique Cardoso está alertando o Partido para avaliar o futuro, considerando oportuna uma avaliação. Ele considerou “natural” a aproximação entre o governador tucano de Minas Gerais, Aécio Neves, e o governador de Pernambuco e presidente do PSB, Eduardo Campos, no segundo turno. “Se houver aliança em 2014, acho ótimo, é preciso ampliar os apoios”, disse Fernando Henrique. Para ele é normal que os líderes políticos conversem e possam se entender, “a partir do que seja conveniente ao ver deles para o povo. Em todos os países democráticos, existem governo e oposição. Qual vai ser a posição do Eduardo no futuro? Só ele vai dizer”.

Novo momento
A partir dos resultados eleitorais e o debate em torno deles começa uma nova etapa política, voltada para a avaliação interna dos partidos, mas já com vistas às sucessões estaduais e presidencial em 2014. O primeiro passo será um profundo exame dos resultados e a abertura de caminhos visando composições. A aliança PT/PMDB parece confirmada enquanto se esboçam claros movimentos em torno de uma composição PSDB/PSB, este credenciado pelos resultados obtidos.

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