A vez do ministério pode estar chegando

Carlos Fehlberg


Estudos já existem, mas o anúncio não tem data
Acabou ficando para depois do carnaval a definição de um novo ministério que o governo de Dilma admitiu promover. Ainda na semana passada, alguns indicativos surgiram e a ministra da área política, Ideli Salvatti, aumentou seus contatos. Um deles se tornou público envolvendo a possível volta do PR, consolidando ainda mais a base aliada. Existe ainda uma disputa no PDT, envolvendo o titular da pasta do Trabalho. E outras ações sem a mesma repercussão.

Dilma não deixou de adotar as medidas necessárias, quando o caso exigia. Foi, aliás, uma característica que marcou sua gestão, a de mudar sempre que necessário, diante de críticas ou denúncias públicas, que acabavam repercutindo ou confirmadas. Agora, coincidindo com o ano eleitoral, a presidente deverá remontar sua equipe. Não há data certa para tanto, mas aos poucos as análises e avaliações estão sendo feitas. Claro que a base aliada estará devidamente representada, mantendo a maioria parlamentar no Congresso. Esse seria um caminho naturalmente adotado.

Inovando

O fato é que, no primeiro ano de governo, Dilma não perdeu tempo, depois de avaliações feitas diante de críticas ou denúncias.. Alguns casos tiveram solução mais rápida do que outros, mas a conclusão foi a mesma. Seu estilo de administrar problemas internos ficou, assim, bem caracterizado. A rigor, a reação mais negativa partiu do PR, que se declarou independente, depois de afastado seu ministro.

Apoio
O fato é que, mesmo tendo bem presente que a maioria parlamentar é importante, o governo não deixou de promover afastamentos ( uns mais demorados que outros) no seu ministério durante o primeiro ano. E não houve reflexos maiores no bloco de apoio. O caso mais complicado envolveu o PR, embora o PDT também tenha provocado reações. Agora, pelas informações existentes o governo reconhece a importância política da manutenção da base, incluindo esses dois partidos, uma das razões para mantê-los representados. E também não ignora que em ano eleitoral não interessa politicamente gerar dissenções. Salvo situações incontornáveis, é claro.

O papel de FHC e Lula na campanha
Ex-presidentes mantêm postura política e FHC voltou à evidência nos seus 80 anos

Excluído das últimas campanhas eleitorais, depois que deixou o governo em 2002, após oito anos de mandato, Fernando Henrique Cardoso, voltou a ser festejado, quando completou 80 anos e foi intensamente homenageado, tornando-se uma presença atuante. Aumentou o número de suas conferências, continuou escrevendo, passou a aproveitar também a internet e tem sido muito requisitado para fazer conferências e abordar o momento. Até a alguns eventos do seu Partido, o PSDB, ele voltou a comparecer. De repente esse somatório de aproximações, recolocou Fernando Henrique, que continua escrevendo para jornais, internet e produzindo livros, em lugar de destaque no cenário nacional.

Em meio a tudo isso cabe a indagação polêmica: ele voltará à atividade política ou o PSDB pretende “poupá-lo” de críticas, temendo o desgaste eleitoral? O questionamento decorre de um novo momento vivido pelo ex-presidente, ainda ágil e bom debatedor. Ou o PSDB vai continuar prestigiando-o apenas nas reuniões e homenagens partidárias? Fernando Henrique tem demonstrado, e os últimos eventos de que participou comprovam, quase o mesmo estilo e agilidade política no debate.


Por isso, entre muitas disputas internas que envolvem nas últimas campanhas, o seu governo, já se admite no PSDB colocá-lo novamente em cena. Ele terá, segundo alguns que acompanharam sua performance nos últimos tempos, melhores condições para debater, responder e enfrentar o adversário do que correligionários que não viveram o momento das questões levantadas e desconhecem os temas polêmicos da época.

Essa indagação já começou a surgir em alguns setores tucanos, apesar de algum receio. Como se a ausência do ex-presidente impedisse a crítica a alguns setores de seus oito anos de governo... Ao contrário: elas nunca faltaram e foram mal respondidas.

E Lula?
ex-presidente, Lula, que já está melhorando bem da enfermidade que o hospitalizou é outro cuja presença chegou a ser questionada desde a hospitalização. Mero equívoco: Lula já está participando e foi dele, todos sabem, a indicação de Fernando Haddad para candidato à prefeitura de São Paulo. E toda polêmica em torno das posições de Gilberto Kassab começaram com uma conversa entre ambos. A diferença entre os dois casos é o estilo: um (FHC) espera ser convidado, enquanto o outro (Lula) não espera, vai mesmo... E toma decisões. Ao contrário de FHC, Lula ainda mantém o comando do seu Partido

Estilos diferentes, FHC e Lula, viveram muitas experiências político-eleitorais e governaram por oito anos cada um. Derrotas? Também sofreram: Fernando Henrique perdeu para Jânio na disputa pela Prefeitura de São Paulo em 1985 e Lula para a Presidência antes dos oito anos de governo.

Qual partido ou candidato dispensaria a experiência deles?

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