Presidenta tem encontro programado com Temer

Carlos Fehlberg

A série de ações programadas visaria superar desencontros
Depois de uma semana de tensões, envolvendo setores da aliança PT/PMDB, a presidente Dilma Rousseff manteve um contato por telefone com o vice-presidente Michel Temer, no fim de semana. Nessa conversa teria sido encaminhado um encontro hoje pela manhã, antes de seu embarque para o Uruguai. Mas além desta, estão previstas mais reuniões esta semana, para recompor as relações entre governo e PMDB: uma conversa na volta, possivelmente amanhã mesmo e um almoço no Alvorada com a bancada do PMDB no Senado.

Essa busca de acerto ocorre diante de mal-entendidos desde a votação do Código Florestal na Câmara. Em função deste cenário, Dilma terá uma intensa atividade esta semana, devendo reunir também seu Conselho Político. Sua prioridade envolverá a unidade da base e a superação de mal-entendidos, especialmente com o PMDB, seu principal aliado.
Antecedentes
A semana não foi das melhores para a relação entre PMDB e PT, desde a votação do Código Florestal na Câmara e o debate sobre Palocci, levando setores do governo a fazer avaliações sobre a cobertura política da base aliada. O líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza, chegou a criticar uma proposta do aliado PMDB, envolvendo o Código, em discurso durante a votação. Dentro desse quadro surgiram também versões sobre uma forte conversa entre Temer e Palocci, no começo da semana. Teria desagradado ainda ao Planalto uma emenda ao relatório do deputado Aldo Rebelo, articulada pelo PMDB, que anistiaria desmatadores, na votação do Código. E, finalmente, chamou atenção a presença e manifestações de Lula, que esteve em Brasília nos últimos dias. Alguns senadores passaram então a reclamar de falhas no entrosamento político do governo inclusive na interlocução.
Como evoluiu
Toda essa movimentação política acabaria gerando desdobramentos. Apesar de breve, o encontro de hoje, na base aérea, entre Dilma e Temer será a primeira oportunidade para os dois conversarem, trocarem impressões sobre o ocorrido, e até serem fotografados juntos, constituindo-se publicamente na retomada do diálogo, desfazendo rumores. Dilma pretende mais: planeja promover um encontro com toda bancada do PMDB.
E o futuro?
Essas novas gestões resolverão os atuais problemas do Planalto com o a base aliada? A intenção é esta e, por isso, estão em andamento. Haverá ações também visando preservar Palocci, além de tentar soluções para as sequelas da votação do Código Florestal. Resta saber como a oposição que esteve tão ativa nos últimos dias reagirá...



PSDB encontra solução para Serra: a presidência do Conselho Político
Guerra reconduzido, Jereissati fica no Instituto e Aécio sai fortalecido
Depois de intensas costuras políticas e disputas internas, o PSDB decidiu em convenção nacional, sábado, que o ex-governador de São Paulo, José Serra, comandará o Conselho Político do partido. O órgão que será criado pela direção tucana, cujo presidente Sérgio Guerra foi reconduzido ao cargo, surgiu como saída para a disputa interna. Serra fica em outro cargo partidário, afastando os riscos de uma divisão interna. Ele preferia o Instituto Teotônio Vilela, órgão de estudos e formação política do partido. Mas já existia comprometimento com o ex-senador cearense Tasso Jereissati, aliado do senador Aécio Neves, para essa posição. O Instituto que é uma estrutura de articulação do partido propiciaria a Serra atuar com autonomia financeira e administrativa, voltado ao seu projeto para 2014. Na realidade, a convenção terminou com o senador Aécio Neves fortalecido internamente. Mas o grande desafio foi o das lideranças tucanas assegurando a unidade interna, depois de muita discussão e divergência envolvendo as principais lideranças, nos últimos 15 dias.

Convenção Nacional do PSDB escolheu executiva nacional e presidência do partido/Foto: Marcello Casal Jr./ABr


Guerra reconduzido
Aécio Neves, que saiu fortalecido, também contribuiu para a reeleição do deputado Sérgio Guerra à presidência do Partido. E viu o deputado mineiro Rodrigo de Castro ser conduzido à secretaria-geral do partido enquanto o ex-senador Tasso Jereissati era confirmado na presidência do Instituto Teotônio Vilela. Do grupo de Serra restou Alberto Goldman ocupando uma das vice-presidências.
Mas o acordo foi difícil e demorado visando uma composição interna. Ela foi possível principalmente após uma reunião, horas antes da convenção entre Aécio, Serra, Geraldo Alckmin e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, em busca de fórmula que preservasse a unidade partidária.
Aécio e Serra
Na Convenção, procurando demonstrar unidade, Aécio e Serra fizeram elogios mútuos e afirmaram que as discordâncias são menores do que a disposição de enfrentar o PT nas eleições de 2012. Fernando Henrique, porém, admitiu as dificuldades: “Nós brigamos muito até há pouco, é verdade. Mas estamos juntos outra vez. É o PSDB outra vez, unido e vigoroso. Um partido que construído com muito suor.” E ouviu dos correligionários a promessa de que será consultado mais vezes e as conquistas do seu governo, entre 1995 e 2002, serão exibidas com mais insistência. Sérgio Guerra, porém, fez autocrítica sobre a situação do partido após as eleições de 2010: “Precisamos melhorar nossa forma de comunicação e chegar aos diretórios com uma mensagem mais clara. Precisamos de unidade não só na direção, mas também na ação nas cidades do Brasil todo, tendo mais identidade”.
As duas lideranças, Aécio e Serra, criticaram o governo federal e insistiram em que a reorganização do partido deve visar vitórias eleitorais.
Velha disputa
As eleições presidenciais também geraram comentários e críticas. Serra disse que Lula deixou uma “herança maldita” para Dilma, com inflação e falta de infraestrutura. E fez observações sobre a participação de Lula em negociações com a base aliada no Congresso. Para ele: “Uma grande arma que o adversário utiliza é o nosso enfraquecimento. A mentira e a intriga a nosso respeito são a arma do adversário. A intriga nos enfraquece e fortalece o adversário. Em muito pouco tempo de governo, aquilo que se considerava de pior está acontecendo. Precisamos saber disso”, afirmou Serra ao lado de Aécio.
FHC quer pressão
Fernando Henrique também criticou a postura de Dilma e de Lula em relação aos parlamentares e pediu mais pressão por uma CPI que investigue o aumento do patrimônio do ministro-chefe da Casa Civil, Antonio Palocci. E Aécio ao chamar Serra de “líder permanente do nosso partido”, foi aplaudido e lembrado para a Presidência em 2014: “O PSDB está unido e ponto. Somos sérios, somos éticos. Quando assumimos governos, sabemos o que precisa ser feito. Este é um partido sem dono. O dono do PSDB é o povo brasileiro”, disse.
E a fusão?
Sérgio Guerra abordou, depois de eleito, também a possibilidade de fusão com legendas de oposição. Para ele trata-se de um assunto que vai estar em "pauta hoje, amanhã e depois de amanhã". E admitiu que as conversas vão se intensificar após as eleições municipais: “Nosso partido pretende crescer e agregar outras forças ou se juntar com outras. Isso é uma coisa que vamos construir", garantiu. E logo acrescentou: "A gente só não sabe o tamanho dessas incorporações, nem qual o seu caráter, mas que nós vamos nos juntar com outros partidos, não tenha dúvida", disse ele após sua intervenção, falando aos jornalistas.



Para Guerra, até as eleições municipais o PSDB precisa criar uma "cara, uma mensagem e compromissos" com a sociedade. E esclareceu que o Conselho Político presidido por Serra será responsável por orientar questões centrais, como fusões e incorporações com outros partidos, mas que esta questão só será definida após as eleições municipais de 2012. No seu entender DEM e PPS devem primeiro se fortalecer. "Mais na frente, depois das eleições municipais, vamos ver se é hora de juntar o deles conosco. Pode ser, vamos ver". O presidente do PSDB disse ainda que o conselho também vai definir as coligações nacionais e decidir sobre as questões de primárias e alianças. "Será um conselho orientador que vai funcionar integrado com a Executiva, mas que terá enorme poder".
O ex-governador Alberto Goldman será o primeiro vice-presidente e Eduardo Jorge Caldas Pereira ficará como vice-presidente-executivo.
Críticas a Dilma
Não faltaram críticas ao novo governo. E Serra foi um dos mais contundentes: "Cada vez mais a ocupante da presidência governa cada vez menos e aquele que não foi eleito, governa cada vez mais", disse ele fazendo uma referência a Lula. E Sérgio Guerra disse que o objetivo imediato não é fundir os partidos oposicionistas, mas sim fazê-los ganhar espaço na opinião pública: “Tanto os socialistas do PPS como os liberais do DEM têm espaço para ocupar. Na frente vamos ver se é importante juntar a porção deles na opinião pública com a nossa, depois das eleições municipais", reafirmou a colocação que já havia feito.

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