A Política pelo Brasil

PT e PMDB tentam superar divergências. OAB quer Palocci licenciado na apuração
Temer assume, tenta reduzir tensões e garante que episódio ficou no passado
Carlos Fehlberg
Jereissati Para o presidente em exercício Michel Temer os atritos com o ministro Antonio Palocci "ficaram no passado", segundo declaração feita em reunião no Planalto para debater problemas agrários na região amazônica. Temer assumiu em função da viagem de Dilma Rousseff ao Uruguai, e vê a coordenação do governo fluindo normalmente. Antes de embarcar para o Uruguai na manhã de ontem, a presidente Dilma Rousseff encontrou com o seu vice, na base aérea de Brasília.

Além desse encontro na base aérea, Dilma terá uma nova reunião com ele na amanhã, quando ele deverá participar de almoço com a presidente e a bancada do PMDB no Palácio do Alvorada. Temer disse a ministros que participaram de uma reunião sobre conflitos fundiários, ontem, que os atritos com o ministro da Casa Civil, Antonio Palocci, estariam “superados”. A observação dele foi feita numa reunião com vários ministros.

Dilma Rousseff despede-se do vice Michel Temer antes de embarcar para Montevidéu/Foto: Roberto Stuckert Filho/PR
Encontro
Antes de seguir para o Uruguai, Dilma teve um rápido encontro com Temer na Base Aérea de Brasília, visando também recompor a relação entre PT e PMDB, tensionada na aprovação do texto do Código Florestal na Câmara, que incluiu uma emenda do PMDB autorizando estados a regulamentar plantio em área de preservação permanente.
Dilma e Temer deverão, no entanto, manter novo encontro no retorno dela quando ela receberá senadores do PMDB.


O presidente do Senado, José Sarney já vem minimizando o possível desgaste da aliança PT/PMDB, dizendo que se trata de uma aliança sólida. Linha seguida também por Michel Temer, presidente em exercício, que vê os atritos envolvendo Palocci superados: “ Na política, a democracia é um regime em que precisamos harmonizar conflitos.”
Posição idêntica assumiu ontem o senador José Sarney que vê a aliança consolidada: "Acho que essa aliança é sólida, que foi feita ainda pelo presidente Lula, ele foi o avaliador da aliança. A presença do presidente Lula na política brasileira é uma coisa da sua liderança nacional, não é uma coisa ocasional de governo."


Para Sarney o PMDB é independente, mas vai procurar defender que o partido tenha "unidade" com o Palácio do Planalto: "O PMDB é um partido que tem sempre tido posições independentes. Isso aí o próprio estatuto do partido assegura que os filiados tenham posições independentes. Eu não vou dizer que seja uma unanimidade, mas pelo menos uma unidade o partido vai defender com o governo da presidente Dilma", disse.
Apesar de tudo ainda há um temor de que o episódio deixe sequelas. Mas além do encontro de ontem, Dilma e Temer voltarão a se encontrar talvez hoje e, amanhã, almoçam juntos no Alvorada com senadores do PMDB.

OAB se posiciona
Mas em meio a essas tentativas de trégua, a OAB produziu um fato novo. Seu presidente nacional, Ophir Cavalcante, defendeu o afastamento do ministro Antonio Palocci do cargo até o fim das apurações. É de opinião que a medida "soaria muito bem" até que o ministro desse as devidas explicações sobre o crescimento do seu patrimônio nos últimos anos.

Em entrevista divulgada pela assessoria de imprensa da OAB, ele criticou a decisão da Controladoria Geral da União de não abrir uma investigação sobre as denúncias. "O pedido de afastamento é algo que soaria muito bem no âmbito da sociedade; é algo que deixaria o governo Dilma muito mais tranquilo", disse o dirigente da OAB.


Cavalcante também se posicionou favorável a uma CPI no Congresso para investigar as suspeitas sobre o ministro da Casa Civil. "A CPI é um instrumento democrático e que está posto para a sociedade na Constituição. De modo que não tenho qualquer dúvida de que a CPI seria algo que poderia ser utilizado."
Palocci já entregou à Procuradoria-Geral da República suas explicações sobre seu patrimônio nos últimos anos. Mas quase ao mesmo tempo o Ministério Público Federal em Brasília abriu investigação cível sobre o caso.


Temer vê atritos superados
Em reunião para discutir os conflitos agrários na região da Amazônia, o presidente em exercício Michel Temer voltou a dizer que os atritos com o ministro Antonio Palocci "ficaram no passado".

No Uruguai
A presidente Dilma Rousseff faz ontem uma breve visita ao Uruguai para a assinatura de 12 acordos que vão da área de tecnologia à saúde e segurança pública. Dilma está acompanhada de oito ministros e assessores. A programação prevê ainda que os presidentes deem uma declaração à imprensa. O Brasil é o principal parceiro comercial do Uruguai. Em 2010, a troca comercial superou os US$ 3 bilhões, 19% mais do que em 2009, com superávit para o Uruguai de US$ 43 milhões.
evita polêmica no PSDB: “houve disputa, mas não vencidos.”
Tucanos querem encerrar confronto que quase dividiu o Partido e afastam debate
Eleito na convenção do PSDB no fim de semana para presidir o Instituto Teotônio Vilela de estudos e pesquisas do Partido, o ex-senador Tasso Jereissati admitiu que houve uma disputa interna no partido, mas faz questão de dizer que não houve vencidos. "O dia a dia vai mostrar que não houve um derrotado na convenção, e sim um ganhador, que foi o PSDB", disse Jereissati. O seu concorrente na disputa pela presidência do Instituto era José Serra que acabou assumindo


O Conselho Político.
Ex-senador Tasso Jereissati concede entrevista.
Para Jereissati “todos os partidos têm embates, isso não é novidade. Houve um embate sim, mas acho que saímos da convenção renovados, e não rachados. O partido sai dela com muito mais vitalidade e força para fazer oposição e construir nosso projeto de poder. Não acho que teve perdedor. O dia a dia vai mostrar que não houve um derrotado e sim um ganhador, que foi o PSDB.”


Código no Senado
O projeto de reforma do Código Florestal ao chegar ao Senado será logo encaminhado a três comissões e entregue aos seguintes relatores: Luiz Henrique, Rodrigo Rollemberg e Acir Gurgacz. A agenda para a semana inclui também o exame de quatro medidas provisórias que trancam a pauta do Plenário e devem ser votadas pelo Senado até hoje.


Doações
O ministro do Supremo Tribunal Federal José Antonio Dias Toffoli defendeu o fim das doações de empresas a candidatos e propôs maior sistematização do processo eleitoral para evitar a judicialização da política.


Ele participou de audiência pública na Comissão Especial de Reforma Política na Câmara Federal. Em sua opinião, segundo a agência Câmara, o País deveria adotar o financiamento público de campanha complementado apenas por contribuições de pessoas físicas, limitado ao teto de 10% da renda declarada no ano anterior: “A contribuição das pessoas jurídicas acomoda os partidos”, disse Toffoli, para justificar a restrição a doações de empresas.


Por outro lado, adotar o financiamento exclusivamente público seria, segundo o ministro, uma intervenção na liberdade do eleitor. “O cidadão tem todo o direito de colaborar com seu tempo, sua militância e também com o dinheiro”, observou.

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