Marina se despede do Senado e já promete articular reforma política

Carlos Fehlberg

Uma novidade de sua proposta: pessoas sem partido político poderão concorrer
Ao despedir-se ontem do Senado, a senadora e a candidata à Presidência pelo PV, Marina Silva, anunciou que mesmo sem mandato pretende articular uma reforma política. E surpreendeu ao revelar que vai defender a ideia de que pessoas sem filiação partidária possam concorrer a cargos eletivos. E foi mais longe: afirmou que deixa o cargo para “voltar à sociedade brasileira como ativista” e que não se vê “a priori” como candidata ao Palácio do Planalto em 2014.
Em um pronunciamento de quase duas horas e meia, ela reafirmou que vai defender uma reforma política que permita a presença de candidatos sem partido em eleições. E também definiu uma posição: “Não vou ficar no lugar de candidata a priori para 2014. Quero fazer parte de um processo. Em um processo como esse teremos que ter o melhor representante para essa ideia de um Brasil economicamente justo. E será por esse Brasil que me disponho a continuar lutando. Quero voltar para a sociedade brasileira como ativista. Não vou ficar presa só à questão partidária.”

Senadora Marina Silva (PV-AC) se despede no Senado/Foto: Waldemir Barreto - Agência Senado

“Não foi neutralidade”
E sobre sua posição na fase final da campanha eleitoral diz que sua independência no segundo turno não foi neutralidade: “Apresentamos uma plataforma. Como o voto é do eleitor, a ideia é que eles pudessem se comprometer. Não revelei qual era minha decisão. Talvez lá pelos 100 anos eu o faça. Talvez seja mais difícil se manter independente do que tomar uma posição.”

O futuro
Marina ainda desejou sorte a Dilma, deu conselhos à oposição e disse que nos próximos anos não vai apostar no “quanto pior, melhor”:“Jamais terei uma atitude complacente com os erros. Mas também não quero ter atitude de ocultar os acertos nem de reescrever a história. A história não começa agora. Tenho compromisso não com as próximas eleições, mas sim com as futuras gerações.”
Ela ainda agradeceu aos colegas e listou medidas que tomou à frente do Ministério do Meio Ambiente. Reafirmou que deseja liderar um processo para que se tenha candidaturas avulsas. Não como candidato individual, mas produto de uma lista”, observou. Para ela será uma fórmula capaz de “oxigenar o Congresso”. E garantiu que deixava o Senado “com tristeza” por não ter aprovado a primeira proposta de lei que apresentou, sobre acesso à biodiversidade.”

Pedofilia: relatório aprovado
A CPI da Pedofilia aprovou o relatório final do senador Demóstenes Torres. O relatório-síntese tem 42 páginas; e o relatório completo, 1.696.
No documento, o relator faz recomendações ao Ministério Público, aos Estados, em especial ao Pará, que registrou casos de pedofilia em todos os municípios, às prefeituras, aos ministérios da Saúde, Educação e ao Poder Judiciário, entre outros.
O texto também recomenda especificamente ao Ministério Público Federal em São Paulo a "rigorosa fiscalização da conduta da companhia Google Brasil Internet Ltda.", especialmente quanto ao cumprimento de um Termo de Ajustamento de Conduta celebrado em 2 de julho de 2008. A recomendação da CPI refere-se ao grande número de denúncias de que o site de relacionamentos Orkut estava sendo usado para publicação de fotos de menores.

Segundo dados colhidos pela CPI, cerca de 40% de todas as denúncias recebidas estão relacionadas à pornografia infantil. Demóstenes pede, no relatório, a aprovação de seis projetos que já tramitam no Congresso sobre o assunto e apresenta outras duas propostas da própria comissão. Uma determina que as emissoras de radiodifusão veiculem mensagens contra a exploração sexual de crianças e adolescentes e sobre o uso seguro da Internet. A outra cria regra única para a progressão de regime nos crimes hediondos, independentemente da condição de primário, e estende aos crimes de pedofilia previstos no Estatuto da Criança e do Adolescente (artigo 240).

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