Café Político Nacional

Carlos Fehlberg
Datafolha mostra cenário após a fase de denúncias
Diferença a favor de Dilma caiu e a semana final de campanha é decisiva
Nova pesquisa presidencial Datafolha, ontem divulgada, mostra que a diferença entre a candidata do PT, Dilma Rousseff, para os demais somados caiu cinco pontos percentuais (de 12 para 7 pontos) com relação ao levantamento anterior, realizado nos dias 13, 14 e 15. Dilma tem 49% (tinha 51% há uma semana), contra 42% de todos os outros postulantes (que apareciam com 39%). José Serra está em segundo, com 28% (tinha 27% na semana passada), enquanto Marina Silva oscilou positivamente dois pontos percentuais e passou de 11% para 13%. É a primeira pesquisa depois da crise que levou à demissão da sucessora de Dilma na Casa Civil, Erenice Guerra. 52% dos entrevistados disseram ter tomado conhecimento do caso, mas apenas 13% julgam-se bem informados sobre o episódio. Brancos e nulos somam 3% na nova pesquisa (ante 4% da semana passada), enquanto 5% dos eleitores entrevistados se declaram indecisos (dois pontos percentuais a menos do que o cenário dos dias 13, 14 e 15).

Candidatos seguem em campanha: Dilma Rousseff e José Serra.
A margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais para mais ou para menos. Segundo o Datafolha, pesquisa a ser feita na próxima semana deverá mostrar se ocorre uma tendência ou apenas um registro do momento em que o levantamento foi realizado.
Dilma caiu principalmente nos segmentos dos que possuem renda familiar mensal entre 5 e 10 salários mínimos (10 pontos), nível superior de escolaridade (três pontos) e têm entre 35 e 44 anos (quatro pontos). O crescimento de Marina Silva se deu entre os mais escolarizados (quatro pontos) e os que têm renda de 5 a 10 salários mínimos, faixa em que a candidata do PV saltou de 16% para 24%. Serra subiu de 28% para 34%).

Segundo turno
O Datafolha também perguntou aos eleitores como eles se comportariam num eventual segundo turno entre Dilma e Serra. A petista receberia 55% (dois pontos a menos que no levantamento da semana passada), enquanto o tucano ficaria com 38%, três pontos percentuais a mais do que exibia na semana passada.
A pesquisa, contratada pela Folha de S. Paulo e pela Rede Globo, foi realizada nos dias 21 e 22, em 444 municípios de todo o país, com 12.294 eleitores. O levantamento está registrado no Tribunal Superior Eleitoral sob o número 31.330/2010

Emenda
O senador Francisco Dornelles está propondo que os governadores e deputados estaduais que se elegerem agora em 2010 cumpram mandato de seis anos. Nesse sentido ofereceu uma emenda à Constituição. Assim as eleições estaduais e municipais ocorreriam no mesmo ano. A proposta já tramita na Comissão de Justiça. A emenda amplia os mandatos dos próximos governadores e deputados estaduais até o dia 31 de dezembro de 2016. E proíbe a reeleição dos governadores eleitos em 2010, além de estabelecer que o mandato dos governadores e deputados estaduais eleitos nas eleições seguintes voltará a ser de quatro anos.
Segundo explica Francisco Dornelles, através da agência Senado, o isolamento das campanhas nacionais permitirá que o eleitor se concentre apenas na eleição do presidente da República e na composição das duas Casas do Congresso Nacional. Enquanto isso a coincidência entre os pleitos estaduais e municipais concentrará o debate nas questões estaduais e regionais.
Tempo maior
Já tramita na Câmara Federal o Projeto de Lei do Senado, que torna obrigatória a filiação de candidatos a cargos majoritários ou proporcionais ao partido político a que desejam concorrer pelo menos três anos antes do pleito. O prazo atual é de um ano. Pelo projeto, a mudança de partido fora do prazo-limite só será possível em caso de incorporação ou fusão da legenda, de criação de partido, de alteração substancial ou desvio do programa partidário ou ainda de discriminação pessoal, reconhecida pela Justiça Eleitoral. Essas exceções, estão em Resolução do TSE. O objetivo da mudança, segundo o autor, senador Aloizio Mercadante, é fortalecer os partidos políticos. O projeto também impõe a perda automática de mandato em caso de infidelidade partidária para todos os cargos eletivos, se a nova regra for descumprida. E atinge apenas o Poder Legislativo.

Quebra de sigilo
O contador Antonio Carlos Atella Ferreira foi indiciado no inquérito que apura a quebra de sigilo fiscal e o uso de documento falso para obter dados da filha e do genro de José Serra. Atella chegou à PF por volta das 10h desta quinta. Ele foi indiciado pela suspeita de quebra de sigilo fiscal e de uso de documento falso. Além disso, ele confirmou que foi realizada acareação com outras pessoas ouvidas pela polícia, mas não deu detalhe. Ao menos três pessoas que tiveram suspeita de ligação com o caso estiveram na sede da PF.
Salário mínimo
Em entrevista ao telejornal Bom Dia Brasil, da Rede Globo, o candidato do PSDB José Serra, afirmou que sua proposta em aumentar de R$ 510 para R$ 600 o salário mínimo, já no próximo ano, não é eleitoreira. "Primeiro que não é promessa, é um anúncio. Não é eleitoreiro, é o que vai ser feito e eu acho que é necessário", afirmou. Para que essa ação seja possível, o tucano defendeu, entre outras medidas, o corte em cargos de confiança e a renegociação de contratos. "Nós vamos conseguir delimitar esses recursos. Eu fiz o cálculo antes de anunciar qualquer coisa. De modo que é factível que o orçamento comporte essa despesa".

O manifesto
Um grupo de juristas, intelectuais e artistas decidiu lançar um “Manifesto em Defesa da Democracia”. O ato público foi realizado ontem ao meio dia, na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, em São Paulo. Entre seus signatários estão o jurista Hélio Bicudo, o ex-presidente do Supremo Tribunal Federal Carlos Velloso, os cientistas políticos Leôncio Martins Rodrigues, José Arthur Gianotti, José Álvaro Moisés e Lourdes Sola,o poeta Ferreira Gullar, d. Paulo Evaristo Arns, os historiadores Marco Antonio Villa e Bóris Fausto, o embaixador Celso Lafer, os atores Carlos Vereza e Mauro Mendonça e a atriz Rosamaria Murtinho.
“Em uma democracia, nenhum dos poderes é soberano”, diz o manifesto em sua abertura. Nos seus 14 parágrafos, ele aponta desvios e abusos do governo federal. Participaram do ato, também os ex-ministros da Justiça Miguel Reale Júnior, José Carlos Dias e Paulo Brossard e o rabino Henry Sobel.

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