Política em Brasilia e pelo Brasil

Carlos Felhberg
Fernando Henrique fala em renovação no partido, mas senador tucano lembra que os lideres pediram para José Serra disputar
A derrota trouxe as divergências A derrota de José Serra em São Paulo gerou reações diferenciadas no meio tucano. Alguns lembrando a tentativa frustrada de uma prévia no início do ano em torno de nomes que constituíam renovação, enquanto outros observando que a decisão, afinal tomada, visava unir correntes em torno de nome experiente. O ex-presidente Fernando Henrique após a derrota defende a tese de renovação, observando que ideias novas são mais importantes do que troca de gerações no Partido. E faz projeções dizendo que o “ PSDB precisa, daqui por diante, de um discurso convincente, diante dos problemas atuais do País".

Observa, porém, que isso não quer dizer que o partido deva sair logo em busca de nomes novos: "O mais importante são as ideias, não necessariamente novas, mas renovadas para fazer frente às conjunturas", diz o ex-presidente E insiste em que “o mais importante é um discurso convincente diante dos problemas atuais do País e do povo e transmitido com linguagem simples e moderna. Claro que sempre é necessário abrir as portas da carreira política aos mais jovens. Mas o importante são ideias, não necessariamente novas, mas renovadas para fazer frente às conjunturas.”

Fernando Henrique: “ PSDB precisa, daqui por diante, de um discurso convincente, diante dos problemas atuais do País".

E faz questão ainda de dizer que o PSDB nunca esteve concentrado apenas em São Paulo, pois governa também Minas e Paraná, além de Goiás, Alagoas, Tocantins e Roraima. E agora ganhou em capitais do Norte, Belém e Manaus, e também em algumas do Nordeste.

Outra visão tucana
Já o senador Aloysio Nunes Ferreira, um dos principais aliados de José Serra, diverge de setores tucanos que agora defendem a renovação de seu partido após a derrota em São Paulo. E da tribuna do Senado lembrou que foram os líderes do PSDB paulista que pediram para Serra disputar a Prefeitura: “Muitos daqueles que hoje falam 'ah, o novo' imploraram para José Serra ser candidato a prefeito de São Paulo. Pediram, insistiram para que ele fosse candidato", disse Aloysio. "A partir do resultado das eleições, especula-se sobre o novo e seu poder miraculoso nas eleições. Eu tenho minhas dúvidas sobre esse poder miraculoso do novo nas eleições – fosse assim, Arthur Virgílio não teria sido eleito prefeito de Manaus."

E a prévia...
No início do ano, o PSDB chegou a organizar realmente uma votação prévia entre seus filiados para escolher seu candidato a prefeito de São Paulo, com a participação de José Aníbal, Ricardo Tripoli, Andrea Matarazzo e Bruno Covas. Os tucanos tinham dúvidas, no entanto, sobre a competitividade dos nomes e assim começou a ressurgir o ingresso de Serra na disputa...

Aécio
Com ou sem prévia ( ele sempre a defendeu), a nova aposta tucana agora será o senador Aécio Neves. Ele a propôs insistentemente em 2010, mas prevaleceu a candidatura julgada natural de José Serra, que também voltou à disputa dois anos após. Se Aécio é a solução tucana agora, a discutida proposta da prévia será adotada ou os argumentos invocados em seu favor cederão à opção que restou aos tucanos? É uma boa pergunta.

Dilma e Mercosul
A presidente Dilma Rousseff deverá comandar no dia 7 de dezembro a Cúpula dos Chefes de Estado do Mercosul, em Brasília. Participarão os presidentes Hugo Chávez (Venezuela), José Pepe Mujica (Uruguai) e Cristina Kirchner (Argentina). Será celebrada a conclusão dos procedimentos técnicos, como a nomenclatura, para a Venezuela preencher todas as condições visando manter o intercâmbio comercial no grupo.

Disputa no Senado
Um grupo de senadores lançou uma candidatura para enfrentar o líder do PMDB, Renan Calheiros, na disputa pela presidência da Casa. Seria um nome suprapartidário... O senador Jarbas Vasconcelos está sendo estimulado a concorrer. Mas nomes, como o do senador Pedro Taques, do PDT, também estão cotados, seguindo o mesmo princípio.

Kassab:"Ser ministro é honroso"

Agora ministro...
O prefeito de São Paulo e presidente do PSD, Gilberto Kassab, já admite que ser ministro é honroso e que há no PSD “sentimento majoritário” de adesão ao governo e à reeleição de Dilma... Ele se exime de responsabilidade pela derrota de José Serra, cujo lançamento teve seu decidido apoio. Já o presidente do PT, Rui Falcão, diz que o Partido vai trabalhar para atrair o PSD para a base do governo. Kassab tem um argumento oportuno e diz que “enquanto a maioria dos partidos trabalhou contra nossa criação, (a do PSD), o PT e a presidente Dilma sempre foram muito solidários”. E ainda vê com simpatia majoritária a aproximação com o governo.

Para Kassab o PSD se saiu bem, se consolidou como o terceiro ou o quarto partido do país: “No Congresso, somos a terceira bancada; em número de prefeitos, a quarta; em vereadores, a quinta; no número de votos, terceira ou quarta. Então, o partido saiu dessa eleição consolidado entre os cinco maiores partidos brasileiros.”

Deputados eleitos
Dos 18 deputados federais que disputaram as eleições municipais dez foram eleitos prefeitos no segundo turno. Ao todo, incluindo o turno inicial, 25 deputados federais candidatos saíram vitoriosos - um desempenho 9,4% superior ao da eleição de 2008. Um levantamento feito pela agência Câmara mostra que 87 deputados federais se lançaram às urnas (81 candidatos a prefeito e seis a vice-prefeito) e 25 foram eleitos (28,7%). Em 2008, foram 93 candidatos e 18 eleitos (19,3%).

Deputados assumirão a prefeitura de seis capitais no próximo ano. Antonio Carlos Magalhães Neto (DEM) em Salvador (BA); Edivaldo Holanda Júnior (PTC) vai comandar São Luís (MA); Zenaldo Coutinho (PSDB) elegeu-se prefeito de Belém (PA); e Dr. Mauro Nazif (PSB) ganhou em Porto Velho (RO). Eles se somam a Teresa Surita (PMDB) e a Rui Palmeira (PSDB), que se elegeram em 1º turno prefeitos de Boa Vista (RR) e de Maceió (AL), respectivamente.

O Rio de Janeiro foi o estado que mais concentrou deputados candidatos neste segundo turno. Eles estiveram na disputa por cinco cidades e saíram vitoriosos em três delas: Alexandre Cardoso (PSB) foi eleito em Duque de Caxias; Nelson Bornier (PMDB), em Nova Iguaçu; e Neilton Mulim (PR), em São Gonçalo. Também foram eleitos prefeitos neste domingo os deputados Paulo Piau (PMDB), em Uberaba (MG); Romero Rodrigues (PSDB), em Campina Grande (PB); e Jonas Donizette (PSB), em Campinas (SP). Os deputados eleitos prefeitos em assumirão o novo cargo em 1º de janeiro de 2013, quando serão substituídos por suplentes eleitos pela coligação.

STF retoma dosimetria
O Supremo Tribunal Federal retoma nesta quarta-feira a fase de definição das penas dos condenados do processo do mensalão. O Supremo interrompeu o julgamento devido a uma viagem do ministro Joaquim Barbosa à Alemanha para um tratamento de saúde. Na quarta-feira, o STF deve concluir a análise sobre o caso de Hollerbach. Algumas divergências sobre os critérios de fixação das penas deram um ritmo lento à chamada dosimetria.

Maia, o presidente por dois dias
O presidente da Câmara, Marco Maia, deverá assumir a Presidência no próximo dia 16, quando a presidente Dilma Roussef e o vice Michel Temer estarão fora. No dia 14 de novembro, Temer embarca para a Alemanha para se encontrar com a chanceler Angela Merkel para uma reunião de trabalho. O vice-presidente retorna ao Brasil no dia 18. No dia 16, será a vez da presidente seguir viagem para a Europa. Dilma vai a Cádiz, no Sul da Espanha, onde participará da 22ª Cúpula Ibero-Americana. A presidente ficará na Espanha até o dia 19 e deve se reunir com o primeiro-ministro do país, Mariano Rajoy. Entre os dias 16 e 18, a Presidência vai estar sob comando de Marco Maia, segundo na linha sucessória. Na última vez em que ocupou o cargo, em março deste ano, ele teve agendas extensas, com até dez compromissos em um mesmo dia, contrastando com o ritmo da presidente, que costuma ter agenda mais enxuta.

Álvaro Dias, líder do PSDB: “É impossível renovar por decreto. É um processo natural e espontâneo.”


Tucanos preocupados
A eleição terminou, mas as ações políticas prosseguem em São Paulo por razões estratégicas visando o futuro. No PSDB, por exemplo, a tese da renovação ganha corpo e apostas para o futuro já são admitidas, mas ainda gerando algum debate interno a ponto do líder no Senado, Álvaro Dias observar que “é impossível renovar por decreto. É um processo natural e espontâneo.” Dias também é cotado para presidência nacional do PSDB

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