Rosane Collor deixa indignado entidade espiritual

  Diário de Pernambuco -Tauan Saturnino

Polêmica » Pai Ralf posa para foto ao lado de Fernando e Rosane Collor após uma das sessões realizadas para o casal quando ele era presidente do Brasil

"Trabalhos" de Collor em terreiro de Olinda
Pai de santo desmente Rosane e diz que fazia magia negra para ex-presidente a pedido da então primeira-dama.

Numa casa grande e decorada com imagens de santos e entidades da umbanda, na periferia de Olinda, um homem risonho, de meia-idade, abre a porta. No interior da residência, Pai Ralf, nome usado por Ralf Genary nas sessões de atendimento espiritual, para em frente a um banner com uma foto onde ele aparece ladeado pelo casal Fernando e Rosane Collor, agora separado. Ambos, ele reforça, antigos clientes do terreiro. Dizendo atender ordens da entidade espiritual Maria Padilha, ele procurou o Diario para negar que Rosane, hoje evangélica, tenha, no passado, sido apenas uma espectadora de sessões de “macumba”, obrigada pelo ex-marido. Por muitos anos, ele garante, ela procurou os serviços do pai de santo em busca de poder e para se livrar de problemas com a Justiça. Os rituais envolviam a morte de animais e ocorreram entre 1993 e 1997.
Pai Ralf e Rosane Collor em foto que demonstra aproximação e amizade
Pai Ralf afirma ter sido procurado por Rosane para livrá-la de um processo de desvio de verba da antiga Legião Brasileira de Assistência (LBA), órgão do governo federal de caráter filantrópico presidido pelas primeiras-damas e extinto em 1995. Após este primeiro caso, o pai de santo diz ter se encontrado pessoalmente com Fernando Collor e se oferecido para livrá-lo do processo penal por corrupção passiva que respondia na época. Pai Ralf decidiu tornar o caso público após a entrevista dada por Rosane na TV, no mês de julho, quando ela detalhou os rituais e afirmou não ter envolvimento direto com as práticas de feitiçaria. Rosane briga na Justiça pelo aumento da pensão, de R$ 16 mil para R$ 40 mil.
Pai Ralf diz ter conhecido Rosane por intermédio de Suzana Marcolino, namorada de Paulo César Farias, tesoureiro da campanha de Collor à presidência e um dos pivôs do escândalo que levou o ex-presidente ao impeachment. “Na época em que Collor foi afastado, eu tive uma visão dele deixando a presidência e sendo atingido por ovos podres. No mesmo período, fui atender em um salão de beleza de Maceió e conheci Suzana Marcolino, aquela que morreu com PC Farias. Ela disse que uma amiga de Rosane gostaria que eu fizesse uns trabalhos e então descobri que era a própria Rosane que queria meus serviços para absolvê-la no processo da LBA. Como pagamento, eu pedi para ajudar Fernando Collor, que estava na lama”, disse o pai de santo.

De acordo com Pai Ralf, a entidade Maria Padilha, que através dele atendia o casal, ficou indignada depois da entrevista de Rosane, por ela não ter falado sobre o tempo em que se envolvia em práticas ocultistas após o afastamento de Collor da presidência. “Estou dizendo apenas o que Maria Padilha está passando. Ela ficou revoltada por Collor não cumprir as dívidas espirituais. Rosane provocou a minha separação de Collor e Maria Padilha separou o casal. Acho que agora ela é evangélica para tirar dinheiro dele ou se promover. Uma pessoa cristã não pode agir como ela agiu, desprezando a entidade depois de tanto trabalho negro que fiz”, afirmou.

Retorno à Presidência da República
Segundo o pai de santo, trabalhos eram feitos a pedido da então primeira-dama, que virou evangélica

O umbandista também disse que caso Fernando Collor pague as dívidas que possui com o mundo espiritual, ele estará apto para voltar à Presidência da República. “Ele não pagou a dívida com as entidades. Collor tem que ir para a Igreja de São Jorge, no Rio de Janeiro, e no Recife ele deve subir as escadarias do Morro da Conceição e visitar o túmulo da “menina sem nome” (criança brutalmente assassinada e enterrada como indigente no Cemitério de Santo Amaro). Se fizer isso, voltará a ser presidente”, disse.
Para Pai Ralf, o julgamento do Mensalão também foi obra da entidade Maria Padilha. “Todos os que estão aí (no banco dos réus) lutaram pelo impeachment. Maria Padilha me disse que iria mostrar todos os inimigos dele na televisão e está aí. Até o presidente Lula era contra ele”.

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